XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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FRAGMENTAÇÃO E DIMINUIÇÃO DOS ESPAÇOS NATURAIS NAS CIDADES: TENDÊNCIAS GERAIS E ESPECIFICIDADES LOCAIS
Mateus Magarotto, Helena Madureira, Mónica Costa

Última alteração: 2018-06-06

Resumo


Nas últimas décadas numerosas cidades têm vindo a adotar políticas que visam a preservação e reintrodução da natureza na cidade, enformando políticas no sentido de robustecer o contacto das cidades e suas populações com a natureza. Estas incorporam uma resposta aos afeitos adversos da expansão urbana das últimas décadas que, entre outros impactes e de forma genérica, têm vindo a provocar a diminuição e a fragmentação dos territórios. Alguns estudos têm contudo vindo a mostrar que os processos históricos de transformação dos espaços naturais derivados da expansão urbana têm importantes variações de acordo com o contexto específico de cada cidade (Angel et al., 2012; Bagan e Yamagata, 2014). Neste trabalho partimos dos resultados prévios de Madureira et al. (2011), que analisaram os processos de transformação das espaços naturais no concelho do Porto (Portugal) ao longo do século XX, tendo concluído que se verificaram três tendências simultâneas: a diminuição dos espaços e habitats naturais disponíveis; um aumento da fragmentação, com consequente diminuição das manchas de habitat contínuo e maior distância entre habitats,  o que constitui uma das principais ameaças aos processos ecológicos; e por último uma homogeneização funcional dos espaços naturais, decorrente da necessidade de ‘projetar’ e ‘recriar’ a natureza na cidade, enfatizando a ‘domesticação’ da natureza. Pretendemos agora avaliar, através de um estudo comparado, se estas tendências são passíveis de serem identificadas em Recife (Brasil), que apresentando caraterísticas estruturais e morfológicas bem diferenciadas mostra, segundo Magarotto et al. (2017), sinais inequívocos de pressão sobre os espaços naturais. Tendo em vista esse objetivo, foram identificadas e vetorizadas as diferentes categorias de espaços naturais em Recife utilizando coberturas aéreas fotográficas georreferenciadas em dois diferentes momentos temporais (1950 e 2014), a fim de identificar os processos de diminuição e fragmentação dos espaços naturais. Os resultados obtidos permitem-nos contribuir para a discussão sobre as tendências gerais de transformação dos espaços naturais nas cidades, mas também sobre as especificidades locais, assim como para uma aproximação das diferentes realidades do modo de produção de espaços urbanos. Esta aproximação e comparação é de fato profícua em termos de análise espacial, revelando a existência de similaridades e dissimilaridades congruentes em realidades distintas nos dois casos de estudo.

 

PALAVRAS-CHAVE:crescimento urbano; análise espacial; áreas verdes; verde urbano

 

BIBLIOGRAFIA

Angel, S., Parent, J., & Civco, D. L. (2012). The fragmentation of urban landscapes: global evidence of a key attribute of the spatial structure of cities, 1990–2000:. Environment and Urbanization24(1), 249–283.

Bagan, H., & Yamagata, Y. (2014). Land-cover change analysis in 50 global cities by using a combination of Landsat data and analysis of grid cells. Environmental Research Letters9(6), 064015

Madureira, H., Andresen, T., & Monteiro, A. (2011). Green structure and planning evolution in Porto.Urban Forestry & Urban Greening10(2), 141–149.

Magarotto, M., Faria-de-Deus, R., Ferreira Costa, M., & Masanet, É. (2017). Green areas in coastal cities – conflict of interests or stakeholders’ perspectives? International Journal of Sustainable Development and Planning12(08), 1260–1271.


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