XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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ALDEIAS HISTÓRICAS DE PORTUGAL – A AMBIVALÊNCIA DO RECURSO TURÍSTICO
António José Costa Alves Gonçalves

Última alteração: 2018-06-06

Resumo


Considerando que um dos pilares do desenvolvimento rural assenta no potencial endógeno, numa ótica de mobilização e valorização inteligente dos recursos (Moreira e Reis, 2017), o artesanato deverá ser integrado, de forma estratégica, na estruturação da oferta turística em espaço rural. O seu contributo assume uma importância relevante, considerando a sua polivalência concetual podendo destacar-se as seguintes funções: produtiva e utilitária; estética e decorativa; cultural, patrimonial e simbólica; social; ambiental; recreativa e pedagógica (Thirion e Cavaco, 2003). Para além das componentes culturais e histórico-patrimoniais, traduzidas pelos fatores da identidade e memória, podem associar-se-lhe, igualmente, valências no âmbito da animação e promoção turística. Estas emergem pela necessidade de conhecimento e interpretação, das produções artesanais, facilitadoras da melhor interação entre os artesãos ou comerciantes e os visitantes/turistas.  Este trabalho, tendo por base territorial as Aldeias Históricas de Portugal, pretende aferir o nível de valorização do recurso artesanato enquanto fator agregador e promotor da imagem desta rede de aldeias. Na prossecução deste objetivo, foi contemplada a revisão bibliográfica associada à temática, podendo destacar-se a legislação nacional (Decreto-Lei n.º 41/2001 que define o estatuto do artesão e da unidade produtiva artesanal), bem como a referente à experiência de desenvolvimento rural do Programa LEADER. Foram efetuadas visitas aos onze postos de turismo das Aldeias Históricas de Portugal, tendo sido aplicado, aos respetivos colaboradores, um inquérito e realizadas entrevistas a três artesãs. Através da análise dos dados e conteúdos obtidos, na realização do trabalho de campo, pode inferir-se que o artesanato marca presença nas Aldeias Históricas de Portugal, quer por uma linha estética fiel à tradição, quer por propostas inovadoras marcadas pela criatividade e participação das comunidades locais. Como corolário desta reflexão, poderá afirmar-se que será desejável assegurar, a curto prazo, a continuidade dos saber-fazer tradicionais observados (p.e. adufes, bonecas marafonas e trabalhos em bracejo), junto dos mais jovens e integrar esta oferta genuína e poderosa, em termos de design, em linhas de merchandising da Rede das Aldeias Históricas de Portugal. Por esta via sairá reforçada a ambivalência do artesanato, traduzida nas afirmações do desenvolvimento regional e local e do marketing territorial.

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