Última alteração: 2018-06-03
Resumo
O comércio guarda uma estreita conexão com a formação e a expansão das cidades, explicitada pela dialética entre a estruturação comercial e as práticas sociais. No espaço geográfico esse movimento é responsável por uma dinâmica relevante para o conteúdo das cidades, destacadamente, cidades de países em desenvolvimento, o caso do Brasil. Com a crise política e econômica instaurada a partir de 2014, a classe trabalhadora brasileira enfrenta a problemática do desemprego, sendo o comércio ambulante uma saída. Muitos desempregados passam a fazer uso dos espaços públicos, para a prática da comercialização e, desse modo, garantir a sua reprodução. Esse cenário é a base do trabalho proposto, que tem por objetivo discutir o comércio ambulante que se efetua em espaços públicos da cidade do Natal/RN. Trata-se de resultados de investigações sobre a relação comércio e cidade que desde 2009 tem sido o foco de pesquisas que tem o comércio como objeto de referência. Ao considerar as particularidades do momento de crise vivenciado pelo país nos últimos quatro anos percebe-se que, os espaços públicos são cada vez mais ocupados por vendedores ambulantes, de modo que essa prática comercial tornou-se, ainda mais emblemática na paisagem urbana de Natal, em especial no centro tradicional de comércio – Alecrim, Cidade Alta e Ribeira, na área de interesse da atividade turística, nos subcentros comerciais da cidade e, sobretudo na proximidade de pontos como: paradas de ônibus, passarelas, proximidade shopping centers, órgãos públicos e instituições privadas. Com uma população de 885.180 segundo IBGE, 2017, a cidade do Natal/RN se adensou e se expandiu de forma acentuada a partir da segunda metade do século XX com a presença de serviços administrativos. Na atualidade, o terciário assume importância na economia, ocupando um percentual de mais de 50% das atividades econômicas, sendo relevante a participação da atividade comercial. Pela condição de informalidade, as informações sobre o comércio ambulante são ainda pouco sistematizadas pelos órgãos públicos de planejamento e gestão da cidade. No entanto, o seu crescimento ficou evidente, por meio da pesquisa empírica realizada nos espaços acima elencados, sendo esta apoiada teoricamente na teoria do desenvolvimento desigual que orientou o entendimento da relação entre comércio e cidade, com especificidade na atuação do comércio ambulante e sua relação com a informalidade em um contexto de crise. Dentre as conclusões da pesquisa destacam-se: a apropriação dos espaços públicos pelo comércio ambulante, dificultando o ir e vir das pessoas nos espaços comerciais; a importância do comércio ambulante na contenção do conflito social nos momentos de crise e por fim a emergência de novas lógicas de ocupação do espaço e de consumo que reflete na relação cidade e comércio.
Palavras chaves: - Cidade - Comercio ambulante – Crise econômica – Espaços públicos
Referências
DANTAS, E.W. (2014). A Cidade e o Comércio Ambulante: Estado e Disciplinamento da Ocupação do Espaço Público em Fortaleza (1975–1995).Fortaleza: UFC
Harvey, D. (2004). Espaços de Esperança. São Paulo: Ed. Loyola.
Smith, N. (1988). Desenvolvimento Desigual. Rio de Janeiro: Bertrand.