Última alteração: 2018-05-29
Resumo
O Rio São Francisco, conhecido culturalmente no Brasil como Velho Chico, escoa superficialmente por 2.700 km entre a nascente, na Serra da Canastra (Minas Gerais), à foz, em meio aos estados Sergipe e Alagoas. O Rio compreende ainda os estados da Bahia, Pernambuco, parte de Goiás e do Distrito Federal. O Velho Chico é palco, atualmente, de um dos mais importantes projetos de transposição de águas entre bacias hidrográficas, intitulada Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional. Além das modificações relacionadas ao geocomplexo bacia hidrográfica do Rio São Francisco, situado em sua maior porção no Polígono das secas e no semiárido brasileiro, a transposição trouxe mudanças socioterritoriais para 805 famílias de pequenos agricultores que viviam de forma dispersa em pequenas propriedades rurais em 11 municípios nos estados de Pernambuco, Ceará e Paraíba. Desse modo, esse estudo, a partir de uma análise qualitativa e quantitativa pautada em autores que discutem a paisagem sob o viés da identidade cultural, objetiva abordar as singularidades culturais do Rio São Francisco no cenário da transposição. Entende-se que há múltiplas dimensões entre a materialidade e a imaterialidade no semiárido, ou seja, sua análise é polissêmica entre o tempo veloz das transformações trazidas com as políticas de desenvolvimento do Nordeste e os projetos de inserção regional no circuito produtivo exportador, como os polos industriais e de fruticultura irrigada, os barramentos para aproveitamento hidrelétrico, a mineração, e o tempo da subjetividade, dos saberes tradicionais dos sertanejos do Velho Chico. Esse estudo é parte das análises do estágio de Pós-Doutorado realizado na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (FCT-UNESP) sob a supervisão do Professor Doutor Messias Modesto dos Passos.