XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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ACESSO À ÁGUA EM ASSENTAMENTOS RURAIS DE REGIÕES PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO NO BRASIL.
Carla Gualdani, Fernando Luiz Araújo Sobrinho

Última alteração: 2018-06-08

Resumo


Resumo: O município de Buritis, localizado na região Noroeste do Estado de Minas Gerais, Brasil, tem passado por dinâmicas socioespaciais oriundas de grupos de atores e políticas públicas distintas, com relação à produção agrícola, que reconfiguraram seu espaço rural e agrário.  Nas Regiões Produtivas do Agronegócio, entendidas como espaços em que dinâmicas vinculadas ao agronegócio globalizado se manifestam, na qual considera-se que Buritis está enquadrada, o desenvolvimento se dá de forma desigual, com a presença de espaços de exclusão, onde direitos básicos não são garantidos e acessados por parte da população. Outro quadro paralelo à alta produtividade do agronegócio, são os 24 assentamentos rurais presentes no município, fruto de lutas pela terra dos movimentos sociais, em uma região de grande concentração fundiária. Nesse quadro, a garantia de acesso à direitos básicos, após a conquista da terra, são cotidianamente violados. Famílias visitadas, demonstraram que o aceso à água, não é garantido de forma permanente e necessária para a manutenção de atividades domésticas básicas das famílias, muito menos produtivas, função essa, da desapropriação de terras para a reforma agrária. Apesar da riqueza de seus recursos hídricos, o munícipio é banhado pelas águas do Rio Urucuia importante afluente do Rio São Francisco e com grande disponibilidade hídrica, isso não vem garantindo acesso igualitário à este recurso. Com a expansão da produção agrícola de grãos, (Buritis é o terceiro maior produtor de soja do estado de Minas Gerais) e o avanço da aquisição de tecnologias para irrigação, como os pivôs centrais, o acesso vem ficando mais comprometido, graças à instalação de diversas barragens para a manutenção destas tecnologias. As barragens e a diminuição da vazão dos rios em épocas de escassez de chuvas, comprometem a manutenção de inúmeras famílias de agricultores, ou seja, essa insegurança hídrica também está vinculada à insegurança alimentar e nutricional e logo à autonomia nas decisões de cada família. A partir da não garantia de acesso à água, os assentados se veem sujeitos à práticas e trocas desiguais e desvantajosas muitas vezes, com outros atores da localidade, como a parceria ou o arrendamento de suas terras, sendo opções de garantia e permanência em suas terras, porém com sua autonomia comprometida pela falta de oportunidades e acessos.

 

 

 


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