XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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DISTRIBUIÇÃO SAZONAL E GEOGRÁFICA DAS AMPUTAÇÕES EM DIABÉTICOS, ENTRE 2000 E 2015, EM PORTUGAL CONTINENTAL
Adriana Gaspar da Rocha, Ricardo Almendra, Miguel Melo, Paula Santana

Última alteração: 2018-06-06

Resumo


Com o aumento global da diabetes mellitus (DM), a sua prevenção, bem como a redução de complicações, são importantes desafios da Saúde Pública. Em Portugal, o número de amputações do membro inferior (MI) em contexto de DM tem vindo a diminuir desde 2013 (1556 para 1250). A literatura revela relação entre a sazonalidade e determinadas patologias, internamentos hospitalares e mortalidade. Em Portugal, a distribuição geográfica e sazonal das amputações é desconhecida. Com este trabalho, pretendemos caracterizar os padrões espácio-temporais dos internamentos por amputação não traumática em diabéticos ao longo de 16 anos. Realizou-se um estudo ecológico (transversal), com análise descritiva e bivariada dos internamentos hospitalares ocorridos de 2000 a 2015 em Portugal Continental. Os critérios de inclusão foram: idade ≥ 20 anos, diagnóstico principal ou associado de DM e procedimento(s) de amputações do MI. Para identificar e caracterizar o padrão espacial avaliou-se a existência de auto correlação espacial, através do índice I de Moran Global, tendo sido identificados os aglomerados de municípios com valores similares baixos (cluster baixo), elevados (cluster alto) e de outliers através da análise espacial local (LISA). De 2000 a 2015, verificaram-se 37.528 internamentos com realização de amputação do MI, o que correspondeu uma taxa de 29,7 por 100 000 habitantes, em doentes com idade média de 70,6 anos (DP 11,4 anos), dos quais 64,8% eram homens. A idade média dos homens (68,9 anos) foi significativamente inferior à das mulheres (73,7 anos) (p<0,001). 9,4% dos internamentos culminou em óbito, principalmente em mulheres (M: 42,6% vs H: 57,4%; p<0,001) e nos grupos etários acima dos 75 anos (59,3%; p<0,001). Verificou-se um padrão espacialmente heterogéneo, estatisticamente significativo (p<0,001), na distribuição das taxas de amputação por concelho: o valor I Morin para os homens é 0,56 e de 0,57 para as mulheres. Foram identificados clusters de municípios com elevados valores de taxas de amputação nas regiões do Alentejo e do Centro e de baixas taxas de amputação no Norte e Centro. Os internamentos foram significativamente mais frequentes no 1.º trimestre do ano (30,6%), seguido do 2.º trimestre (27,8%), do 4.º trimestre (21,1%) e menos frequentes no 3.º trimestre (20,5%; p<0,001). A letalidade intra-hospitalar segue também uma tendência temporal: 9,8% dos óbitos entre Janeiro-Março, 9,6% Outubro-Dezembro, 9,2% Abril-Junho e 8,7% Julho-Setembro (p<0.001). A taxa de amputações, o número de internamentos e a letalidade intra-hospitalar nos diabéticos continuam a relevar-se elevados. As amputações surgem em idade inferior nos homens, mas a letalidade é maior nas mulheres, particularmente em idosas. As amputações apresentam uma distribuição sazonal, com uma frequência superior nos meses mais frios, o que pode ser justificado pela fisiopatologia do pé diabético. Existe um padrão geográfico das taxas de amputação, sendo superior na região do Alentejo e inferior no norte do país. A identificação de municípios com taxas de amputações mais elevadas pode ser relevante para o desenvolvimento e aplicação de políticas de saúde pública e intervenção local.


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