Última alteração: 2018-06-19
Resumo
A cidade do Rio de Janeiro, capital do estado de mesmo nome, destaca-se nacional e internacionalmente no que diz respeito à atração de fluxos turísticos no Brasil, sendo valorizada por elementos naturais, culturais e históricos que compõem suas paisagens. Neste sentido, o presente artigo tem como objetivo analisar o papel das políticas públicas no processo de modificação da paisagem e a posterior comercialização desta a partir de representações encontradas em cartões postais. Para tanto, determinamos como recorte temporal o período entre as décadas de 1960 e 2010, seleção justificada em função do momento singular observado pelo município nos anos 60, visto que marca a perda da centralidade no contexto nacional, com a transferência da capital federal para Brasília e consequente esvaziamento político-administrativo (MARAFON ET AL., 2011), dando início a um período de constantes tentativas de alteração da forma-aparência e do conteúdo da cidade (ABREU, 2013). Nos anos seguintes a população carioca pôde presenciar inúmeros momentos onde práticas similares ocorreram, o último verificado na década de 2010, quando o Rio de Janeiro foi palco de grandes eventos esportivos, como os Jogos Pan-Americanos de 2007, a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e as Olimpíadas de 2016, que causaram modificações significativas na forma-aparência carioca, conforme abordado por autores como Barre (2013) e Pires (2010). De maneira complementar, verificamos que a década de 1960 marca também o início da preocupação em institucionalizar a atividade turística no Brasil e, por consequência, no Rio de Janeiro, visto que nessa década são criadas a Companhia de Turismo do Estado do Rio de Janeiro, atual TurisRio, e a Empresa Brasileira de Turismo, correspondente atualmente ao Instituto Brasileiro de Turismo, com sede na cidade do Rio de Janeiro (FRATUCCI, 2005). Apesar de sofrerem influência de políticas públicas oriundas de concepções distintas de cidade, os diferentes momentos que compõem o período selecionado tem como característica comum a intervenção sucessiva no espaço urbano, reflexo da ação de agentes sociais dotados de interesses, proporcionando uma constante recriação da cidade (CARLOS, 2007; CORRÊA, 2014). As modificações espaciais que proporcionam transformações paisagísticas são constantemente apropriadas pelo turismo, exercendo função determinante para a comercialização da cidade a partir de representações o cartão postal, ferramenta que passa a partir dos anos 60 por um período de renascimento, concebidos de maneira cada vez mais espetacularizada e genuinamente turística (DALZOTO, 2006). Quanto à metodologia da pesquisa, destacamos que a mesma demanda investigação bibliográfica acerca dos conceitos e temáticas que lhe são inerentes, além da seleção de cartões postais que contemplem transformações verificadas ao longo do recorte temporal e realização de trabalhos de campo, para que sejam identificados elementos possivelmente invisibilizados quando da elaboração das representações.