O capital privilegia locais que oferecem melhores condições para sua reprodução econômica como a quantidade e qualidade das redes de transporte e comunicação, mercado consumidor e mão de obra qualificada. Esses atributos geralmente se concentram em cidades ou regiões que já apresentam maior desenvolvimento socioeconômico. Para tanto, o estudo de variáveis como tamanho da população, ritmo de crescimento, potencial de consumo, renda per capita, etc., é de fundamental importância, pois assim os varejistas conseguem vislumbrar os diferentes segmentos de consumidores e podem desenvolver estratégias mais direcionadas. Através da crescente oferta de crédito, bem como da multiplicação e diversificação dos agentes que oferecem crédito, constatamos que a financeirização deixou de se limitar a ação dos bancos e passou a ser viabilizada também por instituições não bancárias como as grandes redes varejistas, dentre as quais destacamos os magazines. Além disso, suas repercussões ultrapassam o âmbito econômico, alcançando a escala do cotidiano ao alterar práticas de parte da sociedade, dada a penetração cada vez maior das finanças na vida das pessoas. No nível da cidade, a concepção de que os consumidores procuram por espaços comerciais que lhes ofereça menor esforço possível em termos de deslocamento já se encontra parcialmente superado, visto que com a aumento da mobilidade, decorrente da melhoria dos sistemas de transporte e/ou aquisição de transporte individual, este deixou de ser um fator preponderante no momento de escolha dos locais de consumo e outros fatores assumiram esse papel. A fidelização e o crédito, por exemplo, atualmente têm peso fundamental na escolha do local de consumo, não apenas porque o indivíduo tem preferência por determinada marca ou produto oferecido pela empresa, mas também porque esse indivíduo possui o cartão dessa empresa e não de outra. Portanto, neste trabalho pretendemos demonstrar que o crédito e a fidelização são responsáveis por promover alterações nas escolhas locacionais das empresas e também nas escolhas dos locais de consumo e práticas espaciais das pessoas, na medida em que os consumidores se veem dispostos a percorrer maiores distâncias, dependendo do tipo de produto, em função não apenas da preferência por determinada marca oferecida pela loja, mas, em muitos casos, principalmente em função da possibilidade de realizar compras com cartão próprio da empresa.