XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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Os fluxos migratórios internacionais para as áreas rurais em Portugal. O reposicionamento dos lugares no contexto global: os casos da Região Oeste e do Litoral Alentejano
Maria Lucinda Fonseca, Alina Esteves, Luis Moreno

Última alteração: 2018-06-15

Resumo


A presença de cidadãos estrangeiros nas áreas rurais portuguesas não é um fenómeno novo. À semelhança de outros países do sul da Europa, na década de 1980 e 1990 residiam em áreas rurais de Portugal, nomeadamente na Serra Algarvia e no Litoral Alentejano, cidadãos da UE15 (Williams e Patterson, 1998; Cavaco, 2003; King, Warnes e Williams, 2000). A presença de estrangeiros em regiões de baixa densidade, como o interior alentejano, foi reforçada com a chegada de imigrantes oriundos de países do Leste europeu no final dos anos 1990 e início do novo século (Fonseca, Alegria e Nunes, 2004). Mais recentemente, Portugal está a acolher novos fluxos migratórios internacionais para os espaços rurais, quer de natureza turístico-residencial, quer de natureza laboral (Velez de Castro, 2014; Sampaio, 2011).

Esta diversidade de fluxos migratórios tornou-se um fator chave na compreensão das mudanças registadas nas áreas rurais, colocando grandes desafios ao nível da articulação de interesses empresariais e ambientais, por um lado, e na provisão de habitação, serviços de saúde e de educação, num ambiente de grande diversidade étnica, por outro. Além disso, essa recomposição territorial, resultante da incorporação de territórios marginais nos processos de globalização a escalas mais vastas, implicam um reposicionamento dos lugares (Glick-Schiller e Çağlar, 2009).

O objetivo desta comunicação é explorar o reposicionamento de algumas áreas rurais portuguesas, que através das migrações internacionais de diferente natureza (lazer, trabalho, reforma e investimento) são incorporadas nos processos de globalização mundial. Com base na análise comparativa do Litoral Alentejano e da Região Oeste, pretende-se contribuir para o conhecimento da relação entre as migrações internacionais para as áreas rurais e sua revitalização e desenvolvimento sustentável.

O estudo combina a análise de dados de fontes secundárias e entrevistas junto de atores-chave e imigrantes em ambas as regiões.

 

Palavras chave: áreas rurais; migrações; Região Oeste, Litoral Alentejano

 

 

Referências

Cavaco, C. (2003) “Habitares dos espaços rurais”, Revista da Faculdade de Letras – Geografia, I série, vol. XIX, pp.47-64.

Fonseca, M. L.; Alegria, J.; Nunes, A. (2004) Immigration to medium sized cities and rural areas: The case of Eastern Europeans in the Évora region (Southern Portugal), in Baganha M. e Fonseca, M. L. (eds.), New waves: Migration from Eastern to Southern Europe, pp. 91-118. Lisboa, FLAD.

Glick-Schiller, N.; Çağlar, A. (2009) Towards a comparative theory of locality in migration studies: Migrant incorporation and city scale, Journal of Ethnic and Migration Studies, 35:2, pp. 177-202.

King, R.; Warnes, T.; Williams, A. (2000) Sunset lives. British retirement migration to the Mediterranean. London, Berg Publishers.

Sampaio, D. (2011) Migrações pós-reforma em áreas de baixa densidade do Algarve: um olhar da geografia na perspectiva do desenvolvimento local, Dissertação de Mestrado apresentada ao IGOT, Universidade de Lisboa, polic.

Velez de Castro, F. (2014) Imigração e desenvolvimento em regiões de baixas densidades. Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra.

Williams, A.; Patterson, G. (1998) “An empire lost but a province gained: a cohort analysis of British international retirement in the Algarve”, International Journal of Population Geography, 4(2), pp. 135-155.


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