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Escoadas de lava históricas do Vulcão do Fogo (Cabo Verde): cartografia e análise geomorfológica
Última alteração: 2018-06-15
Resumo
O Vulcão do Fogo é o vulcão mais ativo do arquipélago de Cabo Verde, bem como de todo o Atlântico oriental, com, pelo menos, 26 erupções nos últimos 500 anos. A última erupção decorreu de 23 de novembro de 2014 a 8 de fevereiro de 2015. Teve origem no flanco ocidental do Pico do Fogo e as escoadas afetaram uma área com cerca de 4,5 km2 no interior da Caldeira, praticamente destruindo de forma completa as povoações de Bangaeira, Portela e Ilhéu de Losna, bem como as áreas limítrofes importantes à sua sustentabilidade económica. A aplicação de técnicas de detecção remota em conjunto com os SIG têm-se revelado muito importantes para cartografia topográfica e geomorfológica de pormenor em áreas habitadas de elevada actividade vulcânica, apresentando uma ampla gama de técnicas para a cartografia da morfologia vulcânica, da sua dinâmica e risco associado. Estes métodos vêm também colmatar algumas limitações dos estudos vulcanológicos clássicos, relacionadas com a escala, dificuldades de acesso e com perigos inerentes à actividade vulcânica em curso. Neste estudo, foram utilizadas fotografias aéreas da área de Chã das Caldeiras, obtidas através de um levantamento realizado em dezembro de 2016 com um veículo autónomo não-tripulado (VANT) de asa fixa SenseFly Ebee, assim como imagens de satélite WorldView-2 e Pleiades-1, com 0,5 m de resolução, obtidas a 19 de agosto de 2013, 29 de novembro de 2014 e 8, 9 e 25 de dezembro de 2014. Através de fotointerpretação foram cartografadas as escoadas lávicas com um detalhe sem precedentes, para o qual foi determinante a utilização conjunta das imagens de satélite de muita elevada resolução e do ortofotomapa de ultra elevada resolução (0,07 m) e respectivo modelo digital de superfície obtidos a partir dos levantamentos realizados com o VANT. As características espetrais da superfície das escoadas foram analisadas a partir de uma imagem Sentinel-2, obtida a 22 de janeiro, através da qual foi possível calcular índices de oxidação. Os resultados obtidos mostram melhorias significativas face às cartografias existentes no que diz respeito ao detalhe da delimitação e da análise morfológica dos fluxos de lava, à distinção entre os tipos de lava (a’a e pahoehoe) e à diferenciação entre as escoadas e depósitos piroclásticos. A análise do índice espectral de oxidação mostrou uma clara diferença entre os fluxos de lava recentes, históricos e pré-históricos, cujo valor vai aumentando com a idade. Os contrastes são igualmente assinaláveis na vertente leste da ilha com um máximo de oxidação entre os 200 m e 1300 m de altitude. Os trabalhos enquadram-se no projeto FIRE - Vulcão da Ilha do Fogo: investigação multidisciplinar sobre a erupção de 2014 (FCT-PTDC/GEO-GEO/1123/2014) financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
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