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TERRITÓRIOS RURAIS BIPOLARES? AVALIANDO A COMPLEXIDADE DOS SISTEMAS AGRÍCOLAS DO ALENTEJO (PORTUGAL)
Última alteração: 2018-06-06
Resumo
Actualmente, convivem processos de extensificação e intensificação da produçãoagrícola, que afectam em diversos graus muitas regiões Europeias, e que estão a mudarradicalmente o mosaíco de paisagens rurais a nível continental (Pinto-Correia, Primdahl & Pedroli,2018). De certa forma, a ocorrência simultânea de ambos os tipos de processos numa única regiãopoderia ser considerada como uma forma de bipolaridade territorial. Em princípio, certos factoresde natureza espacial (por exemplo, o alcance dos perímetros legais de acesso à água de rega)poderiam explicar parcialmente os locais onde cada um desses modos de produção é dominante.No entanto, os factores explicativos e os processos resultantes são mais complexos do que qualquermodelo linear, ou baseado na suposta racionalidade económica dos agricultores, poderiam indicar(Muñoz-Rojas & Pinto-Correia, 2018). De facto, é cada vez mais evidente que os factoresculturais, sociais e ambientais locais também são determinantes na configuração final dos usos dossolos agrícolas e na consequente sustentabilidade dos territórios e regiões onde estão localizados.Este é o caso do Alentejo (Portugal), onde a recente expansão de culturas irrigadas em modosintensivos e super-intensivos, propagadas pela crescente disponibilidade de água das barragens,coexiste de forma complexa no tempo e no espaço com outros sistemas agrícolas tradicionaisextensivos, e até de produção biológica (Muñoz-Rojas & Pinto-Correia, 2018). Como exemplodesta complexidade, neste artigo vamos discutir os resultados comparativos obtidos na avaliaçãoda sustentabilidade da produção intensiva e extensiva de olivais no Alentejo, em contraste comum sistema silvo-pastoril, o montado, que apesar de estar em declínio, ainda é dominante a nívelregional (Godinho et al, 2014). Para apoiar esta análise, apresentaremos os resultados obtidos nasseguintes atividades: I) Análise secundária das interpretações dominantes legais, políticas, sociais,tecnológicas, profissionais e jornalísticas do olival e do montado e suas implicações para asustentabilidade regional; II) Identificação dos mecanismos institucionais de governançaexistentes e preferidos pelos agricultores em cada um dos dois sistemas analisados; III) Definiçãode uma série de cenários futuros que podem ajudar a melhorar a sustentabilidade dos sistemasagrícolas a nível regional. Em última instância, o artigo pretende contribuir para a discussão sobre2até que ponto a bipolaridade e complexidade do território rural alentejano é sustentável, e quaissão as possíveis soluções de médio e longo prazo para os desafios que tal situação implica.
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