XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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(IN)JUSTIÇA ESPACIAL EM TERRITÓRIOS URBANOS EM MUDANÇA: UMA VISÃO MULTIESCALAR E GENEALÓGICA SOBRE A ALTA DE LISBOA
Simone Tulumello

Última alteração: 2018-06-08

Resumo


Este contributo visa refletir, de forma genealógica e multiescalar, sobre os processos de (re)produção das dinâmicas de (in)justiça socioespacial, a partir da análise no longo termo de um território “paradigmático” (cf. Flyvbjerg, 2006) no que diz respeito às questões, dinâmicas e paradigmas de intervenção que têm caraterizado a Área Metropolitana de Lisboa nas últimas décadas. Na Alta de Lisboa, território em constante mudança localizado na margem setentrional do concelho de Lisboa, tem coexistido, nas últimas três décadas, uma pluralidade peculiar e turbulenta de fenómenos e práticas: desde a questão dos chamados “bairros de lata” à sua “erradicação” por mão do Programa Especial de Realojamento; das ambições do planeamento de grande escala (Plano de Urbanização do Alto do Lumiar; ver Pinho, 2011) baseado no conceito de mixité, a um dos maiores casos de parceria público-privada em Portugal (SGAL), até os fracassos, contradições e sucessos das estratégias de ordenamento; a coexistência de problemas de exclusão e insegurança com habitação de luxo e condomínios fechados; e uma rede de atores públicos e do terceiro setor complexa e dinâmica. Este contributo, a partir do reconhecimento da escassa atenção académica dedicada a este território (exceções são: Pinho, 2011; Amilcar et al., 2013; Varady e Matos, 2017), visa oferecer uma perspetiva de longo-prazo e multifatorial sobre a trajetória deste contexto por muitas razões único. A partir da longa atividade de observação participante (2014-2018) desenvolvida dentro do Grupo de Segurança do Grupo Comunitário da Alta de Lisboa – que reúne a maioria dos atores públicos e do terceiro setor ativos no contexto local – o contributo amplia progressivamente a visão ao fim de abranger a interseção das dinâmicas institucionais e socioespaciais caraterísticas da história da Alta de Lisboa; e, a partir desta última, refletir sobre a rede de relações multinível e fatores estruturais que caraterizam a reprodução das dinâmicas de (in)justiça em territórios urbanos em turbulenta transformação.


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