Última alteração: 2018-06-01
Resumo
Apesar dos ganhos substanciais em saúde verificados nos últimos anos em todos os países da União Europeia, continuam a existir evidentes desigualdades entre regiões. O combate às desigualdades injustas e evitáveis constitui um dos maiores desafios das administrações públicas, sendo uma prioridade para a União Europeia e, nomeadamente, para Portugal e Espanha. Tomando como base o Índice de Saúde da População (PHI) - uma medida multidimensional da saúde da população - construído no âmbito do projeto EURO-HEALTHY para avaliar as regiões europeias (NUTS 2), pretende-se identificar quais as dimensões (correspondentes a eixos de intervenção de políticas) onde é necessário atuar para melhorar a saúde da população e reduzir as desigualdades regionais na Península Ibérica.
O PHI permite analisar a saúde da população, à escala regional, de forma agregada e desagregada: em duas componentes (Determinantes da Saúde e Resultados em Saúde), em 10 áreas de preocupação (Condições Económicas, Proteção Social e Segurança; Educação; Alterações Demográficas, Estilos de Vida, Ambiente Físico, Ambiente Construído, Segurança Rodoviária, Recursos e Gastos em Cuidados de Saúde, Desempenho dos Cuidados de Saúde e Resultados em Saúde) e em 17 dimensões (e.g. emprego, rendimento, segurança, poluição, habitação, água e saneamento, recursos humanos nos cuidados de saúde, mortalidade e morbilidade). A aplicação do PHI, que varia entre 0 (pior saúde) e 100 (melhor saúde), às regiões da Península Ibérica, permitiu identificar quais: i) as dimensões que apresentam maiores desigualdades regionais e ii) as regiões de Portugal e Espanha com os piores valores de saúde comparando com os 28 países que compõem a União Europeia.
Os scores do Índice de Educação revelam que esta é a principal área de preocupação na Península Ibérica: nas 6 regiões portuguesas (exceção para Lisboa), nas regiões a sul de Madrid e nas ilhas Baleares e Canárias. Nesta dimensão, observam-se ainda as maiores disparidades no território peninsular: valores muito baixos (os piores da Europa: Açores, Madeira e Baleares) e valores altos (Norte de Espanha). O Índice de Recursos e Gastos em Cuidados de Saúde tem um padrão semelhante, destacando-se o Alentejo com os piores valores. Destaque ainda para a posição desfavorável da maioria das regiões portuguesas e regiões do Sul de Espanha nas dimensões relativas à saúde medida pelo emprego e rendimento, colocando a Península Ibérica no grupo que apresenta os scores mais baixos da Europa, ao lado de regiões dos países do Leste (e.g. Roménia, Hungria) e Sul (e.g. Grécia). Em sentido oposto, verificam-se bons desempenhos regionais nos Índices do Ambiente Físico e Construído.
A evidência gerada pelo PHI tem o potencial de apoiar a tomada de decisão e aplicação de políticas com vista à redução das disparidades regionais. Dada a sua natureza multidimensional, são dadas “pistas” sobre quais são as áreas de intervenção prioritária onde a alocação de recursos e investimento terão impacto positivo na saúde da população.