XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

Tamanho Fonte: 
Ciclo de urbanização e as políticas de regeneração em contexto de metropolização - o caso da Área Metropolitana de Lisboa
Diogo Gaspar Silva

Última alteração: 2018-06-12

Resumo


Este artigo analisa a hipotética existência de um ciclo de vida urbano e a sua relação com as políticas de regeneração na Área Metropolitana de Lisboa (AML) entre 1950 e 2011. A partir do ciclo de urbanização de Leo Klaassen (1981), é possível identificar a posição de um sistema urbano num ciclo de vida, relacionando as dinâmicas demográficas do centro, da periferia e da aglomeração. A investigação conduzida na AML procurou compreender, por um lado, se os estádios de urbanização definidos por Klaassen e empiricamente testados por Champion (1986) e Champion (2001) apresentam uma sequência sucessiva entre urbanização, suburbanização, desurbanização e reurbanização, compreendendo a transição de uma metrópole para uma região metropolitana. Por outro lado, compreendeu-se que os estádios de urbanização influenciam a formulação e implementação de políticas de regeneração em sete municípios (Lisboa, Amadora, Oeiras, Sintra, Vila Franca de Xira, Almada e Setúbal), relacionando-se a transformação estruturada das políticas urbanas com o ciclo de vida urbano (Hall, 2012). Para avaliar a existência do ciclo de vida construiu-se o modelo de urbanização para espacializar a distribuição absoluta da população residente entre 1950 e 2011, tendo-se elaborado uma interpolação segundo um método determinístico e local (IDW). Sendo o modelo predominantemente demográfico, foram considerados elementos de suburbanização, designadamente a motorização e a criação de emprego (Mogridge & Parr, 1997), assim como a informação relativa à conservação do edificado. Finalmente, para compreender a evolução dos problemas urbanos, do contexto político, dos agentes envolvidos, do financiamento, da natureza e dos impactos das políticas de regeneração, realizaram-se entrevistas semiestruturadas aos departamentos de urbanismo das câmaras municipais mencionadas. Conclui-se que a AML experienciou, entre 1950 e 2011, um ciclo de vida espacial que albergou três das quatro fases e que, apesar de não as seguir inexoravelmente, permitiu compreender as dinâmicas de urbanização. A relação entre as fases de urbanização e as políticas urbanas é evidente: os aglomerados mais antigos enfrentaram problemas de habitação mais precocemente que as áreas suburbanas, permitindo contrapor os problemas de habitação que Lisboa enfrentou nos anos 50 e que as áreas suburbanas só enfrentaram nos anos 60. Adicionalmente, as políticas de regeneração assumem um pioneirismo nas áreas industriais, como Vila Franca, Almada ou Setúbal. Atualmente, embora grande parte dos municípios invista num paradigma de sustentabilidade, os aglomerados mais recentes, como Sintra, enfrentam ainda o dilema das áreas urbanas de génese ilegal, praticamente sem expressão noutros municípios de urbanização mais antiga.

É obrigatório um registo no sistema para visualizar os documentos. Clique aqui para criar um registo.