XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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RECURSOS DE USO COMUM: ALGUMAS REFLEXÕES ACERCA DO AGROEXTRATIVISMO SUSTENTÁVEL EM ÁREAS DE SAVANA
Robson Munhoz Oliveira

Última alteração: 2018-06-07

Resumo


A presente pesquisa  teve como objetivo geral compreender a viabilidade do extrativismo de frutos do Cerrado no contexto das tramas sociais inerente à expansão do agronegócio e a criação de Unidades de Conservação. Para consecução dos objetivos propostos, realizamos revisão bibliográfica, levantamento de dados nos Censos Agropecuários e Demográficos, bem como a realização de entrevistas com 42 agroextrativistas, dois atravessadors, representantes ligados ao Instituto Estadual de Floresta, aos presidentes das associações das comunidades estudadas, presidente e pessoal técnico da Cooperativa Regional de Produtores Agrissilviextrativistas Sertão Veredas (CoopSertão). Com o desenvolvimento da pesquisa, constatamos que a resistência das comunidades tradicionais no município de Chapada Gaúcha vêm ocorrendo de forma precária, em face das contradições inerentes ao novo campo de força a que estão submetidos com a territorialização do agronegócio após 1970 e com a criação de Unidades de Conservação após meados de 1990, dando origem a uma situação de instabilidade e insegurança em relação ao acesso à terra, ao território e aos recursos naturais. Este novo contexto socioambiental vem obrigando os agroextrativistas, pequenos posseiros na sua maioria, ao cercamento de suas terras em pequenas glebas. Isso porque, se por um lado, a força do agronegócio ligado a produção de eucalipto, pínus, soja e semente de capim, vem paulatinamente suprimindo os territórios de uso comum entre as famílias rurais de comunidades tradicionais no município de Chapada Gaúcha, de outro, verifica-se a omissão do Estado no que toca ao reconhecimento do papel dos agroextrativistas para conservação dos ecossistemas naturais, mas presente na implementação de Unidades de Conservação fundamentada em um arcabouço normativo que criminaliza as práticas inerentes ao modo de vida das comunidades tradicionais, como: plantar nas veredas, à solta do gado no Gerais, caçar, cortar madeiras e partes da palmeira buriti para construção de casas, currais e diversos utensílios de uso no cotidiano, dentre outras atividades. Neste contexto, buscaremos demonstrar como o extrativismo de frutos nativos do Cerrado pode ser tomado como uma alternativa para geração de renda frente a outras formas de uso da terra de maneira que esses agentes tornem-se aliados na conservação da Natureza.


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