XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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VEGETAÇÃO NATURAL POTENCIAL DE PAREDES DE COURA. ESBOÇO CARTOGRÁFICO
Estevão Portela-Pereira, Pascal de Moura Pereira, Isabel Matias

Última alteração: 2018-06-13

Resumo


Resumo: No âmbito da elaboração do Plano de Paisagem (PP) das Terras de Coura, incluiu-se uma caracterização sumária da vegetação nativa do município, o seu estado actual e um mapa da Vegetação Natural Potencial (VNP). O conceito de VNP tem por base uma concepção fitossociológica da vegetação, em que, num determinado habitat, a vegetação nativa evolui até atingir um estádio máximo de desenvolvimento, de acordo com as características edafoclimáticas desse habitat. Considerando o carácter preditivo deste conceito é possível cartografar, com base na vegetação actual, qual o potencial nativo de cada habitat. Importa salientar que VNP não é necessariamente sinónimo de 'vegetação pristina', i.e. vegetação ainda não alterada pelas actividades humanas. Por vezes, as condições de habitat pristinas foram de tal forma alteradas que a VNP já será diferente da vegetação primitiva que em tempos existiu. E.g. alteração dos regimes dos cursos de água, alteração das características do solo devido à agricultura, ou como acontece nos socalcos courenses, alteração da morfologia e drenagem das encostas, que promove o alargamento "natural" dos solos compensados hidricamente. Neste contexto, a metodologia definida consistiu na elaboração de um mapa de Vegetação Actual (VA) e de um mapa da VNP. O primeiro foi organizado tendo por base a actualização da Carta de Ocupação do Solo 2007, a que se somaram, os Habitats do Sitio de Interesse Comunitário (SIC) Corno do Bico (Rede Natura 2000). O segundo resultou da criação de uma matriz onde se relacionou a VNP passível de ocorrer no território vs. características florísticas (bioindicadores da VA) e abióticas (habitat + bioclima). Com base nas saídas de campo conseguiram-se 276 pontos de observação, onde para além de 174 espécies se identificaram a comunidade vegetal presente, o habitat Rede Natura correspondente e a presença ou não de aluviões ou coluviões higrófilos. Após a revisão da matriz inicial, e utilizando ferramentas SIG, o resultado foi um esboço de VNP com 5 tipos de vegetação. Na vegetação zonal: carvalhal com sobreiro nas áreas menos elevadas e térmicas, carvalhal colino nas áreas mais "serranas". Na vegetação azonal, mais difícil de cartografar, recorreu-se a técnicas semi-automáticas: carvalhal mesotrófico com aveleira nos coluviões dos sopés de encostas declivosas, vegetação aquático-ribeirinha nos fundos de vale, da qual se separou um complexo higroturfoso na serra do Corno do Bico. O mapa de VNP é uma ferramenta importante para a gestão do território natural, não só em termos de conservação (planear os diferentes tipos de vegetação ou habitats a conservar ou promover por restauro ecológico), como também de plantação (de espécies nativas, sobretudo, mas também de outras com características ecológicas similares), com a finalidade de produção florestal, agrícola, ou outras. No contexto do PP das Terras de Coura, a metodologia desenvolvida constituiu uma ferramenta para a delimitação e caracterização das subunidades de Paisagem, definindo objectivos de qualidade paisagística, orientando posteriormente para as medidas e acções temáticas a incluir no plano de gestão previsto no PP.


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